terça-feira, 28 de julho de 2009

Relatos da Princesinha que há em mim...


Quando eu tinha por volta dos meus 10, 12 anos... (sim, porque de resto irão perceber que não fui uma adolescente prematura), era devoradora e assídua consumidora de tudo o que foi filminho da Disney, lançado naquela altura em cassetes VHS, com dobragens em “brasileiro”! Gostava especialmente dos Contos das Princesas “Rainhas” da Disney, que contavam histórias de amores impossíveis e sem fim, tudo sempre com muita lágrima, contradições, mauzões e beijinhos com finais felizes à mistura! Consumi, talvez até mesmo exageradamente, tudo o que foi “Pequena Sereia”, “Bela e o Monstro”, “Aladino” e “Pocahontas”! Lembro-me de fazer sessões de cinema em casa dos meus pais, minha casa na altura, com um grupinho seleccionado de amigas, em que escolhíamos à vez a personagem que queríamos ser, o que nos dava direito a dizer as falas dessa mesma personagem ao longo de todo o filme! O filme mais visto, foi mesmo a “Pequena Sereia”, pois não havia quem não quisesse cantar sozinha, todas aquelas músicas a que a pequena protagonista, Ariel, tinha direito! Eu, que sempre primei por evitar confrontos, escolhia sempre uma saída mais airosa, ficava-me pelo caranguejo, Sebastião, que tinha quase tantas falas e músicas como a Pequena Sereia, mas não tinha tão bom aspecto!


E agora, perguntam vocês... “Olha lá, ó mulher, ficas uma data de tempo, sem escrever nada de jeito e agora vens práqui escrever de filminhos de Mikies, músicas da Ariel... tás a nanar, ou quê?!”, ao que eu, vos respondo: Tenham lá calma... passo a explicar, que já vi que o regresso de férias ou a falta delas, vos está a deixar muito temperamentais...


Então foi assim, que por volta das onze da noite, ontem, me deparei num dos canais TVCine... qualquer coisa, da nossa tão amada TV Cabo, com a exibição de uma verdadeira relíquia, que justifica, precisamente todo e qualquer devaneio a que me prestei agora e me prestarei ao longo deste textinho! Então não é, que aqueles benditos “macacos” estavam a exibir àquela hora, mais do que adequada, o filminho do Aladino! Não acreditam?! Vão ver à programação de ontem... Mas é verdade! E eu, que fiz eu?!


A. Mudei de canal, porque já vi o filme triliões de vezes.
B. Mudei de canal, porque já não tenho doze anos! Ou
C. Limitei-me a ficar colada à espera da minha parte favorita do filme e cantarolei a música que ninguém me deixava cantar aos doze, porque todos queriam ser ou o Aladino ou a Princesa Yasmin e eu me limitava a ser a voz do Génio da Lâmpada!


Pois, acertaram, vi o filme, cantarolei e mudei de canal, só quando a minha parte favorita acabou... sim, porque logo a seguir a essa parte vem a parte dos mauzões, que nunca fez muito o meu género! Irrita-me! Enfim... tudo isto para dizer, que só ontem tive noção da verdadeira ingenuidade que me possuía, quando eu via aqueles filmes... porque se aos doze eu acreditava piamente no amor daqueles dois, levado ao extremo e sonhando um dia, também eu voar num tapete mágico pelo mundo fora, com um ladrão de bananas do mercado mais próximo. Hoje, como mulher e como mãe, tinha dado uma tareia de cinco dedos cheios àquela tonta da Yasmin, por sair assim, naquele tapete mágico com um estranho, sem capacete, nem cinto de segurança nem nada!


Enfim... foi engraçado ter a real percepção de como as nossas ideias acerca do amor e das relações são imaturas e desfocadas em alguns momentos da nossa vida, limitando-nos muitas vezes a nível pessoal, ainda que inconscientemente, pois não há nada mais limitador do que sonhar ser Princesa e só conseguir ser um tímido, mas feliz e cantarolante caranguejo!

7 comentários:

  1. Se conseguissemos cantar os nossos problemas, quem sabe se as soluções não apareceriam mais facilmente???

    Se conseguissemos festejar as nossas vitórias sem restrições ou preconceitos, quem sabe se não contagiariamos o ambiente onde estamos???

    Se conseguissemos ter a mesma capacidade de olhar para a nossa vida actual, com o mesmo encanto, pureza e fantasia com que uma criança vê um filme infantil, talvez fosse possivel encher de magia todos os minutinhos de cada dia e à noite viajar livremente pelo país dos sonhos nas asas de um albatroz ou até mesmo num tapete...


    Acho que vale a pena fazer um esforço para não deixar "morrer" a criança que existe em nós!!!

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  2. Lindas recordações. As minhas são mais de leitura, colecção a formiguinha, porque onde nasci não havia televisão e quando cheguei a Portugal com dez anitos as televisões eram raríssimas. Andava a semana inteira a guardar os tostões para no FDS ir para o café beber um sumito e ver TV. Tudo que desse eu devorava. Como mudamos! Voltando às histórias de encantar, aquelas que me foram moldando porque não sei se te lembras, acabavam todas com uma moral. O que eu sonhava com aquelas histórias. Mas o livro que mais me marcou foi "A Fada Oriana" de Sophia de Mello Breyner. Lindo lindo, fadas, gnomos, quanto este livro me fez sonhar. Recordo-me, ainda, de pensar que bom seria que o mundo fosse assim. Pelos vistos já tinha noção que o mundo não era grande coisa. Sonhos, lindos sonhos que criavam em nós. Este teu post fez-me recordar momentos lindos, vividos na companhia de personagens que marcaram mais profundamente em mim a diferença entre o bem e o mal. Essa diferença, no mundo actual, está esbatida não te parece? Um BJS

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  3. Anie: vou-te ser sincera, se andássemos por aí a cantar os nossos problemas, internavam-nos num abrir e fechar de olhos! Mas num mundo de encantar isso sim, ia funcionar às mil maravilhas! Infelizmente este mundo anda mais para o "desencantar" do que para outra coisa qualquer! Eu ainda guardo um bocadinho dessa menina que fui, quem não guarda! Mas para meu bem, só o mostro a quem sei que vai entendê-lo! Quanto à "criança" que mora dentro de mim, essa só sai para brincar às vezes. Talvez se todos tivessem "crianças" com quem a minha pudesse "brincar" eu a deixasse sair mais vezes! Obrigada pela tua leitura e carinho nas observações e comentários! São muito prezados sempre... por mim e pela "criança" que há em mim, que não desiste de sonhar, que sabe escrever e que o que escreve interessa a alguém! Bjinhos!

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  4. “Há duas espécies de fadas: as fadas boas e as fadas más. As fadas boas fazem coisas boas e as fadas más fazem coisas más.” , é assim, não é Brown Eyes, que nos levam pelo beicinho e nos prendem para sempre na esperança de que tudo no mundo seja assim, facilmente identificável os bons e os maus! Ainda me lembro de muitas vezes, enquanto a minha mãe me contava alguma coisa sobre alguém eu lhe perguntar: " Mas essa Sra. é boa, ou é má?!", como se tudo no mundo fosse assim tão fácil de distinguir! Crescer é mesmo assim, ver que nem tudo e todos são sempre bons, ou sempre maus e aceitar que o mundo é mais cinza do que preto, ou branco! ;) Se isso está esbatido nos dias de hoje... acho que talvez para os adultos não exista de todo! Mas penso que as crianças necessitam disso para crescer! Para eles, a questão de acreditarem no bom vs. mau é necessária! É assim que eles aprendem, por opostos! Se isso se mantém até tão tarde, como na nossa infância... isso já são outros mil! Porque eu acho, que nós, gerações anteriores a esta, fomos crianças por mais tempo! Se foi bom, ou mau, isso já não te sei dizer! Mas que seria bom ver de novo as crianças a lerem e a desfrutar da leitura ou de mundos imaginários sem os "gadgets" do Século XXI, isso sim, seria positivamente BOM! Mas não acredito que o retrocesso seja possível! O mundo mudou e eles têm coisas demais a chamar a atenção deles! Também não é fácil ser criança nos dias que corre! Demasiados estímulos, pouca convivência com a família, pouco tempo de divertimento exterior... Oh, Oh... e assim já iamos embaladas para nova "Croniquice"! :) Obrigada pela tua leitura e comentários sempre (re)activos! Assim vale a pena! ;) BJS

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  5. Exactamente assim. Mas sabes que eu continuei a ver o mundo sempre dividido em duas partes? Para mim não existe o assim assim, ou é bom ou mau. Ainda hoje sou assim. Ou gosto ou não gosto e não há mas. A fantasia faz falta, hoje substituiu-se a fantasia pela agressividade. Antes vencia sempre o bem hoje vence o que bate mais ou o que mata mais, não é? Mas como dizes não é fácil ser criança, nem adulto. A competetividade, negativa, começa muito cedo. Tivemos a sorte de nascer noutros tempos. Foi bom este tempinho que passei aqui, nesta conversa animada. BJS

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  6. Adorei este teu post, porque me identifiquei imenso com ele. Para te dar um exemplo, por mais vezes que dê a música no coração na televisão, fico sempre toda satisfeita a ouvir e a cantarolar as minhas partes preferidas. Com desenhos animados, a minha preferência ia para o rei leão (o meu amor por animais assim o dita...) e devo dizer-te que, já adolescente, aprendi as principais músicas e chorei baba e ranho quando o pai do simba morreu. Acho que se hoje visse outra vez, chorava como se fosse a primeira vez. Sim, porque eu consigo chorar a ver desenhos animados...

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  7. Bê: será que o texto te aliviou um pouco as dores!? Ficava toda feliz se isso tivesse acontecido! Quanto ao choro... somos duas! Até no Lilo e stich chorei... imagina! Pufff... obrigada pela visita e as melhoras! :)

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