
Chocada.
A palavra exacta para descrever a forma como me sinto em relação a uma notícia, que acabei de ler. Notícia essa que ocupa o centro da primeira página do jornal de hoje, talvez o mais lido da ilha. “Homem confessa ter morto a esposa a martelo”, é o título.
Escandalizada e intrigada sobre as razões que poderiam levar alguém a matar outra pessoa, com quem já fora casado, de forma tão atroz e brutal, decidi partir para a leitura das páginas do artigo. Ao que parece, a razão/motivo para este “assassinato”, (sim, porque não é uma morte, não me lixem), foi o desejo de divórcio expresso pela “mulher”! (Sim, mulher, não me venham com eufemismos, em notícias do género, porque quem assassina desta forma alguém com quem é casado, não “mata a esposa”, mas sim “assassina uma mulher”!)
Pelos vistos, alegadamente tendo ido ao quarto em que dormia a mulher, para fazer as pazes (ao fim de oito meses a dormir em camas separadas), surpresa das surpresas, é confrontado com a revelação da mulher, que lhe comunica, que não só desejava divorciar-se dele, como já se tinha envolvido com outro homem. Ora, razão o bastante, para este assassino pegar num martelo de pedreiro, lhe esmagar a face e crânio, alegando ainda perante os filhos que ela “teve o que merecia” e mais tarde, perante a polícia, (depois de lhes abrir a porta e os ter convidado a “ver o que ele tinha feito”), que se esta “ainda não estivesse morta, ele trataria disso”! Perceberam o meu choque?! Não?! É que ainda há mais… ao que tudo indica o homem estava “calmo, como se não se tivesse passado nada” e em tribunal ainda pediu desculpas à família, dizendo que “ se pudesse voltar atrás, voltava”!
Não, não é por ser mais um crime, baseado em motivos supostamente passionais, nem sequer por ter sido uma mulher a vítima… mas pela crueldade na forma de matar e mais ainda na frieza dos comentários efectuados após o acto de assassinato cometido a uma pessoa com quem se esteve casado 19 anos, ao que tudo consta!
Choca-me, choca-me e deixem-me que vos diga, ainda bem que assim é… é sinal que nesta cabecita ainda há lugar para o respeito pela vida humana, pelas escolhas das outras pessoas e acima de tudo para uma crença, uma fé de que a humanidade não pode ser isto!
Não adianta nem sequer tentarem explicar a razão deste crime, ou de outros do género, por sinal, que justificação nenhuma me levará a ficar menos chocada!
Lamento, a perda da mãe de 2 filhos, de uma mulher, que teve a coragem de mudar o rumo da sua vida e de um ser humano, que como outro qualquer não merecia semelhante fim.
Para sempre na lembrança daquela filha, ficará um rosto desfeito de uma mãe gemendo, ensanguentada em seu leito e de um pai frio e cruel de martelo de pedreiro na mão, considerando que a justiça tinha sido feita, como se a justiça fosse algo ditado por vontades e desejos egoístas, sádicos e irracionais. Ou eu muito me engano ou estamos a precisar de novos conceitos para a justiça e o mérito neste País.
Meus Leitores desculpem, este momento menos colorido, mas não é olhando para o lado que estas coisas deixam de acontecer e este blog também é um lugar de liberdade, para pensamentos de revolta e indignação contra uma humanidade em falência, que traz o que de pior há no ser humano ao de cima, sob a capa de justificações virtuosas, em nome de um ego ferido e de um amor perdido.
Assistimos em primeira página ao anúncio do assassinato da Vida de uma mulher, e em simultâneo à confissão de Assassínio da Humanidade de um homem.
Os meus Pêsames aos dois, foi uma grande perda para ambos!
Mau de mais para ser verdade. Até dói só de pensar no estado da alma esfrangalhada daquelas crianças.
ResponderEliminarEste é tipo de casos em que nos dá ganas de que a Justiça aqui fosse aplicada à luz da filosofia do "olho por olho, dente por dente".
Num mar de possíveis explicações e justificações, à luz da psicologia, sociologia e outras logias, pouco há a dizer para além de uma revolta que sufoca qualquer ténue raciocínio lógico sobre esse drama.
É em casos destes que se vê patente o machismo. O homem não consegue aceitar que uma mulher pense, mude de ideias e diga basta. O homem convencesse que a mulher com quem casou lhe pertence e pode fazer o que quiser. Ela por sua vez tem que comer e calar. Isto é um exemplo, além de má formação, do valor da posse nesta sociedade. Antes matar que perder. Esta sociedade está doente e infelizmente há muito. Não se consegue dar valor à felicidade, dá-se antes valor ao poder, às aparências, etc. Daí termos actos destes: Pré-históricos. E daí não sei se nessa altura não se daria mais valor ao outro do que se dá hoje!Actos praticados por seres miseráveis que mereciam igual tratamento.
ResponderEliminarBjs