quarta-feira, 6 de maio de 2009

Pedro ainda procura Inês!?


Um post sobre o amor nos tempos modernos…

Sentada no meu carro, perdida em divagações, ouço uma música na rádio, que me leva a fantasiar sobre a situação transformada em melodia. A música em questão é a “The man who can’t be moved”, dos The Script…. Quem não conhece, faça o favor de se apresentar! Vale a pena e fala de um tipo de amor, paixão e dedicação, que parece extinta nos tempos modernos.
O amor para sempre está, aparentemente, fora de moda, as paixões são efémeras e o valor nos nossos dias parece estar no ser individual, perdido em prazeres de emocionantes “one night stands”, mulheres extra-independentes, sem attachments e homens bem sucedidos, solteiros, livres e 100% metro-sexuais.

Ainda me recordo de quando, ao saber do meu casamento, em tom irónico, um amigo me desejava “ muitas filhinhas iguais a mim, vestidinhas de cor-de-rosa e sujas de chocolate”, enquanto eu estaria “gorda e de pijama a cozinhar para o maridinho”! Ora, gorda ainda não estou, as filhinhas iguais a mim, estão em processamento, sendo que a única até agora produzida, apesar de vestir cor-de-rosa, ainda não come chocolate… e para dizer a verdade, nada me faz mais feliz do que uma noite de relax, em pijama a cozinhar para o meu maridinho! Mas, a verdade é que para uma grande parte dos meus amigos, pelo menos os mais fashion e top-of-the-top, o tipo de vida que levo, com o tipo de objectivos que alimento são aquilo, que eles resumem numa palavra: “vidinha”!

É verdade, que a minha vida, passando a “vidinha”, me fez perder uma série de privilégios sociais: não vou ao cinema quando quero, já não me lembro da última vez que passei um fim-de-semana na cama, nem da última bebedeira de caixão à cova, regada numa bela jantarada entre amigos. Também não me lembro da última vez que fiz uma saída de amigas, para me enterrar uma tarde no shopping, nem da última vez, que levei o meu cartão de crédito à exaustão em compras no El Corte Inglês… mas lembro-me bem, do último sorriso da minha filha, do seu cheiro a bebé, das suas gargalhadas, das suas conquistas diárias, dos braços abertos e à minha disposição no corpo do meu marido, da nossa casa, das nossas férias, da nossa nova independência e da construção desta minha nova família.

Não me ocorre nada mais romântico, do que um homem desesperado, que se proíba de sair do canto de uma rua, na esperança do reencontro de um amor perdido… ou talvez ocorra, não sei se se lembram do tão falado caso do “Pedro procura Inês”, o poeta, eternamente procurando a sua Inês, que encheu a nossa capital de cartazes e as nossas cabeças de dúvidas, afinal de contas ele até um blog tem! Será que afinal, ainda há esperança para o amor nos tempos modernos... musical, literário e real?! Um amor como os do tempo do Pedro e da Inês, um amor ao estilo Romeu e Julieta, mas com um esperançoso final feliz.

“Casamento… Credo, mulher, que coisa deprimente!”, arrematava mais uma voz ao meu anúncio de noivado! “Mas porquê?! Tu nunca foste dessas coisas?!”. O Casamento nos tempos que correm, funciona como um género de anúncio de fim ao amor! A verdade é que, enquanto nos contos da nossa infância perdida, o livro acabava quase sempre com um “casaram e foram felizes para sempre.”, nos dias de hoje, os romances ou contos modernos começam com “Casaram e os problemas começaram...”.

Muitas das vezes se parte, nos dias que correm, para o casamento com a ilusão de que nada irá mudar, quando na verdade, tudo muda!
Imagine-se este amor poético entre um Pedro e uma Inês, em Lisboa, ou no Porto, que depois de blogs, poemas, e anúncios, finalmente culmina no encontro apaixonado dos dois, que decidem casar, marcando assim para sempre o amor dos dois, através do laço de união simbólica, que é o casamento. Enfim casados, começam os “problemas”... o empréstimo da casa, ou a renda mensal, a decoração da dita, a partilha nas tarefas diárias e a organização rotineira das mesmas, os jantares em casa dos sogros, os palpites da família, a escolha do carro novo, a decisão de ter um filho, o processo de uma gravidez, as inseguranças, as dúvidas, a escolha do nome, se é o do meu pai, ou o do teu, se será Afonsinho ou Patrício, a educação dos meninos, a escolha das fraldas, do pediatra, da Creche… enfim, tudo isto faz parte de um casamento, que acompanhando o passar dos anos nos desvenda todas as intimidades do outro, quebrando os pequenos truques e segredos escondidos da nossa pessoa, figura, carácter. “Um tédio…”, diriam muitos… pois quem assim pensa, não se case, aviso eu já, pois das duas uma, ou não foi deveras nascido para o casamento, ou então ainda não encontrou a sua "Inês"! Mas a verdade é que, um amor para sempre, a isso obriga! E um amor para sempre isso quer.

Afinal de contas, quem melhor do que a Cinderela para conhecer o ronco do Príncipe Encantado, as suas peúgas espalhadas pela casa… sorte a dela, que naquela altura, talvez ainda não existissem sanitas, nem tampas, nem cadeirinhas de bebé para o carro… imagine-se (quem é conhecedor da causa), as discussões que aqueles dois não evitaram!

O problema, é de quem, como eu, idealizava uma vida ao estilo Angelina e Brad, com 700 filhos e 3000 empregados, deixando tempo para escapadelas às Bahamas, jantarinhos regados a Möet Chandon, com roupinhas de milhares de euros a cobrir os corpinhos em forma… bem ao estilo Cinderela e Príncipe Encantado dos tempos modernos, mas assim como a Cinderela foi só uma, e nem existiu de verdade… Angelina, sem senão também não há! E o Brad e o Príncipe Encantado também só devem ter em comum o facto de deixarem as mulheres a babar em frente às revistas e televisão!

O amor nos tempos modernos está em crise, como a economia e já vão longe os tempos em que a maior prova de amor era guardar um lenço da amada no bolso, uma mecha do seu cabelo ou uma fotografia em miniatura… hoje, isso seria considerado obsessivo, doentio e comportamento típico de um serial killer em potência, camuflado sob a pele de um pseudo Don Juan, tarado e mal afamado.

Grandes provas de amor, são hoje em dia, escapadelas milionárias de fim-de-semana, o novo relógio da Ómega ou o maior anel de brilhantes, que a loja tiver.

Pois, eu dispenso a escapadela, o Ómega e quanto ao anel, estou em dúvida, (afinal de contas não há loira, que se preze sem o seu eterno melhor amigo!)… mas a verdade, a verdade, verdadinha é que ainda me derreto toda por um bilhetinho de amor, um poema sarrabiscado e quiçá um anúncio numa parede de um homem “who can’t be moved”!!!

Viva os Pedros que por este País fora ainda procuram as suas Inês e as Inês deste país, que ainda não perderam a esperança….

8 comentários:

  1. Por acaso lembro-me bem de ver na TV a notícia deste Pedro e Inês...
    Parecia surreal e não deste mundo...

    Mas no que toca ao amor é mesmo assim...
    O amor prende e solta razões que as palavras não conseguem explicar...

    Gostei muito do teu blog!
    Vou continuar a segui-lo!
    Parabéns!

    =)

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  2. Poderás conhecer: http://pedro-procura-ines.blogspot.com/

    Há sempre um Pedro à procura duma Inês por este mundo fora... Ou uma Inês perdida no seu Pedro...
    Também acredito em Pedro e Inês que vivem felizes para sempre, talvez seja uma das maiores provas de amor de um para outro :)

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  3. Rabisco e Anónimo:

    1º- Obrigada pela Visita! ;)

    2º- Obrigada por mais dois testemunhos de crença na existência do amor nos tempos modernos... é bom saber que não estamos sozinhos!

    3º- Parabéns pela coragem de se terem perdido na leitura dos meus "pensamentos"... ;)

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  4. simplesmente amor. acho fantastica esta historia da vida real.
    beijinho*

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  5. Adorei!

    Parabéns, e agora sou que digo: ainda bem que ainda existem pessoas que para elas a ideia do amor é isto...

    Amei o teu post :-)

    Beijocas!

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  6. Esqueci de mencionar... Excelente escolha musical ;)

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  7. João, Sabor a Mim e Anónimo: Obrigada pelos comentários... é bom saber que as "Croniquices e Historinhas" desta Mulher a 1000/h não têm caído em saco roto! :) Quanto à música foi recomendação de uma GRANDE amiga... é sempre bom ter amigos com bom gosto para todo o tipo de partilhas! ;)

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  8. Mudam-se os tempos mudam-se as vontades mas a de amar e ser amado é eterna. A mim são os pequenos nadas, aquelas surpresas minúsculas, que me dão uma felicidade imensa. Um sorriso, uma gargalhada, a 1ª. palavra de um filho, são inesquecíveis. Ao visitares o meu blog deste-me oportunidade de conhecer o teu. Muito bom. Continuarei a visita-lo, sempre que tenha oportunidade. Há sempre um bocadinho para o que é interessante, nos relaxa e é agradável. Bjs

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