quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Croniquice 22ª - Minha Filha, Meu Amor - 03.12.09 no AO

Meus Amigos, só tenho uma coisa para vos dizer: ser mãe é dose! Mas é dose mesmo, daquelas de cavalo. Qual cavalo! É dose de hipopótamo. Eu amo a minha filha. Amo-a tão perdidamente e de uma forma tão forte que até dói, mas agora, o que eu não gosto mesmo nada é de ser mãe! Pronto! Disse, está dito, já foi! É que só quem é mãe sabe do que me queixo... nem é tanto da gravidez, que mesmo levando o meu corpo a limites dantescos, não me escandalizou! Também não me queixo do parto, se bem que 19 horas em sofrimento, para acabar em cesariana são demais até para o Hércules! Nem das noites mal dormidas, que 18 meses volvidos já se tornou costumeiro. O que eu não gosto mesmo no papel de mãe são o parco reconhecimento e as doenças... bem... dessas é que eu não gosto mesmo nada! Na idade da minha filha, a mais comum das doenças é sempre designada por virose! Tem febre, é uma virose. Vomita, é uma virose. Tosse, é uma virose. Fica irritadiça, é uma virose! Enfim... não sabia eu antes de ser mãe, que fosse possível que uma criança tão pequena pudesse ser dormitório de eleição para tantas e tão variadas viroses! De resto, outra coisa que não aprecio lá muito no papel de mãe é a responsabilidade! Não é que não me considere uma pessoa responsável, mas até o cúmulo da responsabilidade tem folgas semanais! Eu já fui uma pessoa extremamente fashionista, hoje em dia, contento-me em sair de casa sem mancha de leite, bolachas, baba ou ranho na roupa! É que até as tarefas mais simples se tornam conquistas quando sozinha com um bebé recém-nascido. Por exemplo, tomar banho: Acalmar bebé, check! Colocá-lo na cadeirinha, check. Bebé dorme, check! Tirar a roupa, entrar no banho, check, check. Ligar a água e espalhar o champô com a maior rapidez possível, NO check! Porque entretanto o bebé acorda com umas cólicas fenomenais, contorce-se na cadeira, chora como se não houvesse amanhã e interrompemos tudo! Bebé ao colo, check. Música para acalmar, check. Bebegel, check. E quando damos por ela, estamos nós em verdadeiro Xeque-Mate. Gosto muito daquelas senhoras que dizem que a maternidade não mudou nada na vida delas, mas fico sempre curiosa, pensando em quem é que estará a tomar conta dos filhos delas!? Porque sei que elas não estão de certeza! Cinema acabou. Saídas à noite, jamais Salomé! E mesmo para ir ao Circo, ao Café ou ao espectáculo do Ruca, sei de casamentos cujos preparativos demoraram menos tempo! Ainda assim, a minha filha foi a melhor coisa que me aconteceu na vida! Já ser mãe...

3 comentários:

  1. Sílvia como te compreendo e sabes porquê? Porque tomei conta do meu e anulei completamente a minha vontade e querer. Deixei de existir enquanto ele não foi adolescente. Chegava a leva-lo para a casa de banho enquanto eu tomava banho porque, como disseste, acordava num ápice, não me dava tempo nem para ligar a água. Sabes que foi a partir daí que deixei de ler como lia? O stress foi tanto, o peso da responsabilidade que ainda hoje ando a querer ganhar o tempo que não tive na altura. Ganhar tempo para não fazer nada. Simplesmente deitar-me no sofá. Cansa ser Mãe sem ajuda, sem baby-sitter, sem alguém para tomar conta do bebé enquanto nos divertimos com o marido mas, para ser sincera, será que eu entregava o meu filho para me ir divertir? Não. Assumi 100% o meu papel, tal como tu o estás a fazer. Não repeti. Não aguentava com dois. Não tinha aguentado mesmo. Até aos 4 meses dele eu não pregava olho nem de dia nem de noite, ele não se calava com as cólicas. Cheguei ao ponto de não me segurar em pé. Ainda por cima que tive o azar de o pai estar ausente. A vida de uma Mãe é dose e, ainda hoje continua a ser dose. Há filhos que ainda reconhecem o que a Mãe passou, há outros que nem por isso, outros ainda que acham que não fizemos mais porque não quisemos. Tudo para eles parece fácil porque não tiveram a vida que nós tivemos. Olha Sílvia, depois de 24 anos, continuo cansada, cansada de ver que tudo poderia ser diferente para ele se tivesse seguido os conselhos que a Mãe lhe deu. A preocupação do futuro, da vida dele, continua a pesar-me. Se eu amei o meu filho? Amei tanto que me esqueci de mim, que me anulei por ele, que lutei de rastos por ele….Teria-o se pudesse voltar atrás? Não sei. Sinceramente não sei. Foi muito bom tê-lo tido, nunca mais esquecerei o som que ouvi quando ele nasceu, a primeira palavra, o primeiro passinho, o quentinho do corpo dele mas,….este peso da responsabilidade, da preocupação pesa-me demais, ainda, mesmo sendo ele um homem. Mas há muita gente que não altera a vida delas, sim senhora. Há muitas mulheres que não se preocupam com os filhos, que continuam a vida delas, que se quiserem sair não têm problemas em os deixar sozinhos até, que atiram a responsabilidade para os avós, tios seja lá quem for. Ai isso há. E sabes que te digo? São essas que devem ter filhos, nós morremos pouco a pouco. Acredita que é assim. Ao longo da vida da tua filha verás que tenha ela a idade que tiver tu nunca terás descanso, só o medo que algo lhe aconteça já acaba com o teu descanso. Como pode uma Mãe estar descansada? O amor de Mãe é tão, mas tão pesado Sílvia!!!!!

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  2. Borwn Eyes: Não imaginas como sabe bem saber que não sou a única anormal a achar que o peso de responsabilidade de mãe supera em muito às vezes até o próprio prazer de o ser! Eu também hesito muito em deixar a minha filha sozinha... principalmente porque estou muito dependente dela! É isso mesmo... dependente dela! Sinto-me extremamente responsável por ela... e às vezes acho que devia ser um bocadinho mais relaxada... mas não consigo! Valha-nos o amor que lhes sentimos, que nos faz sentir bem pelo bem que lhes fazemos... embora eles nem sempre o reconheçam, mas não posso dizer que a minha mãe já não me tivesse avisado... LOL ;)

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  3. Olha, eu só sei que penso muitas vezes : "Porra que nunca mais vão pá faculdade para eu ter algum descanso durante a semana!".
    Eu adoro-os, amo-os. É mesmo daqueles amores indescritíveis, mas, caramba, queria poder jantar à meia-noite, se me apetecesse, e marcar uma ida ao cinema sem ter de fazer 1000 telefonemas para ver se há horários ou dias compatíveis, estatelar-me num sofá a ler um livro, ouvir musica aos berros aos sábados de madrugada, dormir aos domingos até ao meio-dia...
    Mas uma coisa te digo, quando pudermos fazer tudo isto, vamos ter muitas saudades dos catraios agarrados às nossas saias, a pedir para "Oh mamã, mete nas Winx!!", ou "oh mamã, posso ir para o teu computador?", ou, "oh mamã, descasca-me esta maçã", ou "mamã, não sei dos meus sapatos", ou "oh mamã, o jantar é outra vez ISTO?!?".
    O silêncio é a morte. Há que os gozar enquanto são assim, pequeninos e tão dependentes... e nos abraçam e nos dizem "Adoro-te! Mas porque é que eu te adoro tanto?!? És tãooooo fofa, ai que és tão fofa!".

    bjs*

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