quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Um toque de humanidade e dois pingos de esperança

Dos momentos televisivos mais importantes e marcantes a que assisti na minha vida, constam os ataques às Torres Gémeas e o resgate dos mineiros chilenos. Sem sombra de dúvida, dos momentos mais genuínos, arrepiantes, asfixiantes e absorventes a que já assisti na caixa mágica, que é a televisão. Nestes dois momentos distintos e em tudo tão diferentes guardo uma sensação comum: a de que o Homem é um pequeno enorme ser. Pequeno à escala de um Universo infinito e enorme na força que guarda em si, na esperança, na emoção… no sentir a vida! Numa das cartas que um dos mineiros enviou à sua família, aquilo que mais emociona é ler algo como isto: “ Não imaginam a dor que é, estar debaixo da terra e não poder dizer que se está aqui, vivo!”.
De resto, este resgate dos mineiros chilenos, traz à luz do dia a história de 33 homens a 620 metros abaixo da superfície, com dramas e enredos, que vão desde nascimento de uma filha, a um pedido de casamento 10 anos depois, a descobertas de amantes e relações ilícitas, que os esperavam à superfície, lado a lado com esposas e mães e filhos e amigos e família.
Numa das imagens que se pôde ver na tv, a que até o jornalista prestou homenagem, inibindo-se de a comentar, via-se o interior do túnel e um troço da subida que os mineiros tiveram que fazer… arrepiante foi a palavra, o isolamento, a escuridão, toda a esperança daquele e de todos os outros Homens, que assistiam, que o esperavam, que aguardavam a sua vez… e o silêncio. Um enorme silêncio.
Um acontecimento histórico, uma história de heróis, não só os mineiros, mas todos os que ajudaram e acreditaram no salvamento deles… um verdadeira lenda viva, que só prova que a vida não pára de nos surpreender e que o ser humano é realmente fantástico.
Mas esta história é também uma ode aos verdadeiros valores da vida… pois só na ausência de coisas como a luz, o conforto, o amor, o contacto humano e a liberdade é que nós as sabemos de facto valorizar! Tudo isso e mais uma coisa, um pormenor, em tudo tão pouco, em tudo tão tudo: a saúde! E só quem pena pela falta dela saberá o valor que ela tem!
No dia em que fiquei a conhecer o drama destes mineiros chorei, não consegui evitar, tenho lágrima fácil e a compaixão faz parte do meu carácter! Hoje chorei outra vez… não um choro convulsivo ou descontrolado, mas o choro da sensação de empatia, um choro emotivo e sem explicação certa, talvez apenas um choro por saber que com tantas diferenças que nos separam a todos, nestes momentos nós somos humanos, todos iguais!

2 comentários:

  1. E não tens chorado com o nosso drama? É que o nosso não sabemos quando termina, apenas sabemos que vai terminar mal e que o fim talvez esteja perto. Beijinhos

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  2. Minha querida... o nosso não é drama, é tragédia grega! Perfeitamente previsível e em nada milagrosa! Muitos heróis decadentes, damas e ninfas sem ética e um sem-fim de sangue de mortais! Triste, mas verdadeiro! Esta situação do país não me comove, revolta-me... e, aqui entre nós... a mim a revolta dá-me ganas de tudo, menos de chorar! ;)

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