quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Croniquice 9ª - 03.09.09 no AO


Já alguém reparou, ou fui só eu, na proliferação do uso do adjectivo “complicado”, aplicado à descrição de estados, situações e pessoas nas mais variadas situações do nosso quotidiano?! Especialmente fértil e abundante é o uso desse mesmo adjectivo no feminino, ainda mais num irónico e comichoso diminutivo: “complicadinha”! Isto, quando usado para descrever pessoas, cujos comportamentos não se entendem ou, não se desejam entender! Opta-se assim pelo modelo Simplex e usa-se e abusa-se do mesmo!
Recordo-me de uma época, quando em género de bengala conversacional, era moda as pessoas usarem a expressão “coitadinho”, e não havia situação em que esse mesmo adjectivo não fosse usado e abusado, muitas vezes até de forma absurda... “Ai, coitadinho do homem, olha ficou sem casa, coitadinho, com a coitadinha da mulher e os coitadinhos dos filhos!”. Agora, quer-me a mim parecer que o “complicado/a/complicadinha” lhe anda a roer os calcanhares e a ganhar adeptos em tudo o que é situação... “Sabes, ele está num momento complicado e ela é complicadinha, não se pode fazer nada, porque é muito complicado... Olha, coitadinhos!”. Enfim, não há conversa, que por mais simples não tenha um “complicado” perdido lá pelo meio e no que diz respeito a este adjectivo as mulheres são tendencialmente as mais classificadas por ele. Vai do “complicadinha” desdenhoso, ao “complicadas” generalista e até ao “complicómetro”, apetrecho feminino psico-biológico, recentemente inventado, que defende a existência no sexo feminino de uma tendência inata para complicar situações, que aparentemente seriam simples! Que a mulher é complexa, já todos nós sabíamos, é uma questão de género, mas que o “complicanço” não é exclusivo do mundo das mulheres, isso também já estaria por estas alturas mais do que testado e comprovado. Não acreditam... então digam-me lá se não é complicar perder mais de uma hora a falar nas transferências futebolísticas, nos esquemas de jogos criticados e analisados à lupa por pseudo-treinadores de bancada ou trocas de galhardetes ideológicos e políticos, que passam do papel para o virtual e do virtual para o carnal! E depois ainda têm a lata de dizer que nós é que somos complicadas?!

3 comentários:

  1. Tão verdadeiro este texto e maravilhosamente bem escrito.

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  2. Nós complicadas? Esse pessoal não deve ter reparado nas tarefas que nós conseguimos fazer por dia. Se o fossemos não faríamos metade. O que acontece é que somos mais inteligentes por isso nos debruçamos sobre pormenores que eles não vêem, não sabem que existem e nem sabem para que servem. Prefiro que me chamem complicada, simplex é que não. É que não sei se já reparaste mas o simplex é o superlativo relativo de superioridade, deixou de ser " a mais complicada", ahahah
    Bjs e obrigada por mais uma opinião que deixaste no meu cantinho.

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  3. Complicadas, complicados...há que "descomplicar"! Até já inventaram algo chamado 'complicometro'! :)

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